Defeito Desfeito, 2020
Quartel da Arte Contemporânea de Abrantes

Sustemos involuntariamente a respiração quando nos encontramos numa situação de tensão, e ficamos, por instantes, numa apneia fora de água. Ao entrarmos na exposição concebida por Diogo Bolota para o Quartel da Arte Contemporânea de Abrantes deparamo-nos com um imaginário povoado por morfologias simultaneamente familiares e misteriosas que se inscrevem em estreito diálogo com o espaço onde se situam. Defeito Desfeito é a exposição individual de Diogo Bolota mais abrangente e ambiciosa até à data: compreende onze obras nos domínios da escultura, do desenho, da pintura e da instalação, todas inéditas. Algumas começaram a ser pensadas para serem apresentadas há cerca de três anos, noutro contexto, ficando numa espécie de limbo, em suspensão, até ao presente. Outras foram ideadas já com este espaço em mente, no seguimento do convite lançado por Fernando Figueiredo Ribeiro.

O núcleo de obras seleccionado possui denominadores comuns face ao restante corpo de trabalho do artista, como sejam a sua propensão para gerar situações de tensão e a sua relação particular com a questão da escala. Noutros aspectos, o conjunto constitui-se como um recorte específico, que partilha um vocabulário definido. Visualmente, os elementos-chave de Defeito Desfeito situam-se na região da boca: línguas, dentes e dentaduras. Estes encontram-se sujeitos a agregações e a estados variados, como personagens inquietas, em mutação, que transitam entre obras assumindo diferentes desempenhos, protagonizando acções; nestas operações, oscilam quanto à sua escala; a matéria varia entre a rigidez e a maleabilidade, a viscosidade e a aspereza.

Luísa Especial, Posso fazer-te uma pergunta?, 2020 [Excerto do texto do catálogo]


Vista Geral: Defeito Desfeito no Quartel da Arte Contemporânea de Abrantes. 2020

Vista Geral:
Defeito Desfeito no Quartel da Arte Contemporânea de Abrantes. 2020


Defeito Desfeito é uma exposição cuidadosamente apresentada, repleta de pistas, analogias, que “com humor” nos provocam. Tal como se este imaginário do artista ganhasse vida. Como se este mundo das personagens, das bocas, velhice ou falsidade que estas representam, encerrasse um universo de identificação emocional, uma possível brecha do exterior para descobrir o interior.

Link para Entrevista por Carolina Trigueiros para Umbigo, 2020


Installation View:  Descanso, 2020; Day after facing painting, 2020

Installation View:
Descanso, 2020; Day after facing painting, 2020

Linguagem, 2019 Silicone, polímero poliácido lático, MDF lacado - 236x187x42cm -2019

Linguagem, 2019
Silicone, polímero poliácido lático, MDF lacado - 236x187x42cm -2019

Vista Geral #2

Vista Geral #2

Vista Geral #3

Vista Geral #3

Quero, Posso e Mando-me, 2020 (Detalhe)

Quero, Posso e Mando-me, 2020 (Detalhe)

Mon blanc Gentil, 2019 Silicone e MDF Lacado, 137x30x30cm

Mon blanc Gentil, 2019
Silicone e MDF Lacado, 137x30x30cm

Remédio Santo, 2020
Veludo, impressão em cerâmica endurecida com cianocrilato, dente e MDF lacado, 117.5x26.5x26.5cm

S/ Título, 2018
Lápis de cor sobre papel, 76x56cm, 76x56cm, 76x56cm